domingo, 5 de agosto de 2012

SC Freamunde: um caso peculiar do futebol português

Nos tempos que correm, sustentar um clube numa divisão profissional de futebol requer um grande esforço financeiro. Gerir o plantel em função dos seus recursos e mesmo assim conseguir torna-lo competitivo é sempre uma tarefa árdua por parte de qualquer direção, sendo portanto de vangloriar todos os casos de sucesso. Dentro deste paradigma, podemos inserir o Sport Clube de Freamunde…


 Freamunde é uma cidade com cerca de 8 mil habitantes, que pertence ao concelho de Paços de Ferreira e que se caracteriza pelo seu bairrismo e pela extrema dedicação das suas gentes ao trabalho. Esta imagem do seu povo reflete-se naquilo que é a política do clube da terra, que ano após ano lá vai conseguindo cumprir com os seus objetivos da manutenção na II Liga, onde vai já para a sexta época consecutiva no segundo maior escalão do futebol nacional.

Este feito pode até não parecer nada de mais, mas é muito atendendo às poucas fontes de financiamento que apoiam o clube. Isto porque o concelho da Capital do Móvel tem duas equipas nos principais escalões do futebol nacional (SC Freamunde e FC Paços de Ferreira) o que obriga o município a ter de dividir os apoios por ambas. Semelhante a esta realidade, e se excluirmos as zonas metropolitanas de Lisboa e Porto, só o concelho de Guimarães é que mantém também duas equipas nas divisões profissionais, nomeadamente o Vitória SC e o Moreirense FC. Contudo, estamos já a falar de um concelho com o triplo da população e que apresenta melhores condições do que muitas sedes de distrito do país.

Se um distrito da dimensão de Leiria não consegue sustentar uma única equipa nos principais escalões, o que dizer do concelho de Paços de Ferreira que sustenta dois clubes? Se levarmos em conta que os apoios ao clube da Mata Real são naturalmente maiores é, de facto, de louvar a estrutura de um clube como o SC Freamunde que, apesar de tudo, continua a manter-se firme e hirto na II Liga.

Atendendo às fortes medidas que a Liga de Clubes e o Sindicato de Jogadores pretendem colocar em vigor ao longo desta temporada, que consiste em retirar pontos às equipas com salários em atraso, o SC Freamunde (tal como tantos outros clubes) foi obrigado a apertar o cinto e a apostar na prata da casa, promovendo à equipa sénior nove juniores só nos dois últimos anos. Para além destes, foram também feitas algumas contratações cirúrgicas e a preço zero de alguns jogadores experientes e sem contrato, como Pinto (ex-Moreirense) ou Laranjeiro (ex-Fátima), e de jogadores oriundos de equipas a atuar nos distritais. Contudo, a maior “contratação” foi a prorrogação do contrato de Bock, o artilheiro de serviço do clube e que surge quase sempre nos primeiros lugares da lista de melhores marcadores da II Liga.

A equipa que parte para a nova época com o mesmo objetivo de sempre (manter a manutenção), apostou então num misto de ex-juniores, de jogadores da terra e de jogadores experientes. Em tempos de crise ninguém se pode dar ao luxo de prometer o que não pode oferecer, e como tal o SC Freamunde apresenta um dos orçamentos mais baixos do futebol profissional em Portugal, procurando cumprir tanto a nível desportivo como financeiro. Na verdade, se todos os clubes fizessem a gestão desta forma, haveriam certamente muitos menos casos de incumprimento salarial que em nada dignificam a imagem do futebol português.

PS: Na última temporada o SC Freamunde esteve durante três meses com salários em atraso, mas, segundo se consta, tudo deveu-se ao atraso dos apoios económicos por parte da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.


in: www.futebol365.pt

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